Crônicas da Etec V - 3º A

05/11/2012 13:46

Crônicas da ETEC V – 3A

          Se há uma sala que merece respeito e admiração, esta sala é o 3A. Não porque sejam mais estudiosos, mais questionadores, mais disciplinados que os outros, mas porque são simplesmente mais unidos. É visível que há uma tolerância e aceitação maior entre eles do que em outras salas, há carinho e uma noção de grupo muito grande, e isso eles levarão para toda vida.

            Há alguns dias entreguei-lhes uma redação corrigida por mim, perguntei se deveria ser sincero ou meigo e carinhoso nos comentários, adjetivos sempre presentes em minha conduta, eles optaram pela sinceridade. Não poupei ninguém, afinal estamos muito próximos do ENEM e vestibulares e apenas o Renato e a Priscila entre os dois terceiros tiraram nota máxima. Os comentários foram realmente duros, pois sei o potencial de cada um e que os textos produzidos não refletiam a capacidade dos alunos. Muitos ficaram realmente chateados, dava para perceber a apreensão nas expressões de todos (gosto muito quando isso acontece, precisavam ver a cara da Adriane, que normalmente tira boas notas).

            Para minha surpresa, notei que logo após minha aula, quando faziam Educação Física, praticamente a sala toda estava em quadra jogando queimada. Aí, pude perceber o quanto esses “caras” são especiais, e o quanto têm a nos ensinar. O 3A é capaz de sair de um momento tenso e minutos depois estar sorrindo e brincando, descontraindo. E o detalhe, praticamente a sala toda. Vi a Rhuana, toda maquiada e bem vestida desviando da bola como uma criança, os gritos da Camila e companhia, e o quanto é difícil acertar a bola no Gabriel. Devemos fazer o mesmo, não acertar a bola no Gabriel, mas aprender a descontrair e voltarmos a ser crianças, brincarmos com todos sem exclusão.

            Ainda nesse clima de união, o coeso grupo do 3A resolveu preparar uma apresentação artística, uma dança e essa é a parte em que volta a sinceridade deste professor em pauta. Por mais que eles se esforcem, ensaiem, treinem, não dá, não fica bom. Passei nesses últimos dias várias vezes pelo pátio e hoje 24/10/2012, conclui que não há evolução. A união da turma em outras atividades não se reflete na dança. É um para lá e dois para cá literalmente. Nem as palmas eles batem no ritmo certo. Não vou exagerar é dizer que têm a leveza de hipopótamos porque não chega a tanto, mas não está muito longe disso.

            Com certeza, muitos criticarão esta crônica, dizendo que cabe a um professor incentivar seus alunos, tirar o máximo deles, entre outras frases. Porém, nesse caso, não há o que tirar, não estão no DNA da sala a dança e o ritmo. Além do que, já são praticamente adultos e creio que precisam aprender a lidar com frustrações. Essa coisa de um bando de nerds se reunirem e acabar por ganhar um concurso de dança, algo que eles não levavam jeito, só acontece na ficção, filme americano para ser enlatado e vendido. Na vida real, ritmo, rebolado, leveza não se desenvolvem, já vem com a pessoa. Vejam o 3B, a dança faz parte deles, até os mais nerds, Thainá, Amanda e Adriany, por exemplo, dançam bem.

            A questão é que o nível de exigência artístico da ETEC é grande, por aqui já passaram alunas como a Janaína, do antigo 3A, ou ainda os atuais, Kauan e o Caio (mais alto) 3B, ambos seguidores do Rick Martin o e Felipe 1I. Não bastam acrobacias olímpicas como faz a Daniela, ou o Guilherme ter cortado o cabelo no estilo Beatles. O 3A não sabe dançar.

            A não ser que..., esperem... é Halloween, é para isso que estão ensaiando, se nossos dançarinos do 3A aparecerem fantasiados de múmia, aí fará todo sentido o ritmo (ou a falta dele) e o estilo desajeitado. Então é isso, que estupidez a minha, que mancada. Era para parecer feio mesmo. Desculpem-me, estraguei a surpresa. Eles virão trajados de múmias no dia da apresentação.

 

 

Prof. Márcio Sartori

Coordenador do Ensino Médio