Crônicas da ETEC III – O teatro

Crônicas da ETEC III – O teatro

Dia de apresentação de teatro na ETEC Gino Rezaghi é sempre um dia agitado, alunos preocupados em desempenhar um bom papel, ansiosos, excitados e repassando a todo momento suas falas, dando um último retoque em suas fantasias. Nossos criativos alunos e alunas atores e atrizes não aceitam encenar uma peça de qualquer jeito, querem e fazem nesses momentos o seu melhor. Afinal, serão avaliados por nosso professor, promoter e dramaturgo Junio Benites. 

Neste ano, todavia, chamou atenção do coordenador do Ensino Médio, este que vos escreve, uma movimentação atípica. Alguns de nossos atores e atrizes estavam (evidentemente ensaiando) fora das dependências da escola, mais precisamente no ponto de ônibus. Aonde chega a criatividade e o empenho desses jovens? Surpreendidos (ensaiando exaustivamente) pelo coordenador que lhes disse que não poderiam permanecer fora da escola, entraram e reencontraram o restante do grupo, que por incrível que pareça, não sabia que seus pares estavam lá fora tão preocupados com o teatro, de tão preocupados se esqueceram que o ensaio só poderia ser completo com o grupo todo.

                Já dentro dos muros da escola, já no conforto de sua sala e diante das belas resenhas realizadas pelos alunos dos terceiros anos, algo que enche de orgulho e alegria qualquer professor de Língua Portuguesa, este coordenador, ouve vindo do pátio ruídos que atrapalhariam as aulas. Ao dirigir-se para o local, lá avista muitos alunos, provavelmente todos do 2ª A (tendo como público os atrasados de sempre que não puderam ou não quiseram entrar na primeira aula), também ensaiando entusiasticamente. Uns fantasiados, outros cuidando do cenário, outros... (deixa para lá).

                Questionados pelo coordenador sobre o motivo do barulho e sobre o porquê não estavam assistindo à aula de Geografia, disseram que precisavam ensaiar, pois a peça seria encenada na próxima aula. Suas memórias foram refrescadas: “vocês têm apenas duas aulas de Geografia por semana e nas próximas semanas teremos simpósio e provas”. Não que precisassem do lembrete, já que todos que estavam no local são comprometidos com o estudo e é óbvio que farão todo o esforço para recuperar a matéria perdida. Mas, não custa lembrar.

                De todos os papéis representados nessa ETEC o mais complexo talvez seja o de coordenador. Ora o papel representado é o de professor, ora de amigo, ora de pai, ora de tirano e, em muitos casos, de bobo. Porém, como dizia um velho amigo, o mais sábio, aquele que inspirou o autor desta crônica a escolher a docência, aquele que se estivesse presente neste mundo não teria aconselhado a coordenação, Leonardo Loureiro de Lima (O Professor): “o mundo é dos bobos”.  Frase dita na década de 1980, só depois adaptada, de bobos para nerds.

Prof. Márcio Sartori

Coordenador do Ensino Médio